sábado, 1 de fevereiro de 2014

Sou chata mesmo

Tenho notado algo no meu comportamento ultimamente.
Quero dizer, eu ja sabia que acontecia mas percebi que as pessoas interpretam erroneamente e eu ainda as levo a tanto.

Faz algo como 7 meses que eu não moro na mesma cidade que a maioria dos meus amigos. Eu sinto saudades. Mas acabo por sentir mais que saudades. 

Nessa São Paulo que me cerca não me restou mais nada. Eu não podia me sentir mais sozinha. E falo de uma solidão inexplicável. Se qualquer um vier dizer que me entende, eu sei que não é verdade pelo simples fato de ter falado tal coisa. Se soubessem o que é Solidão não teriam a cara-de-pau de dizer algo do tipo. Solidão é uma coisa. Daquelas coisas das quais a gente esquece o nome e então as chama só de Coisa. Não é do tipo que se define com palavras. É do tipo que se sente. Uma pessoa que sabe o que é ficar sozinha, frente à Solidão do outro, saberá que nada que ela disser fará com que este outro sinta-se melhor. Só a Companhia; a Atenção, lhe bastam.

Eu sofri e sofro com a tal coisa a mais ou menos um ano. Intermitentemente. Mas com certa constância desde que me mudei. E as redes sociais me possibilitam algo que não deve ser muito comum. Amigos publicam seus eventos e contam histórias e eu acabo ficando sabendo de tudo que eu perdi, de tudo que eu não participei, de tudo que eu não participarei, de todos os lugares e horários em que eu queria estar presente. E isso me dói. Eu sinto ciúmes. Sinto inveja. Não só saudades. Saudades a gente sente por uma ou duas pessoas. Quando se está só, as saudades de todas as pessoas se torna uma doença.
E ninguém compreende ou da valor a isso. Acho que eu me senti como numa fila ao SUS esperando ad infinitum pra ser atendida no Hospital Friendship. Ninguém realmente se importa ou acredita que você realmente está mal. Que você precisa ser socorrido com urgência.

Aí eu me tornei mesquinha, fresca. "Vá falar disso longe de mim", "Não quero saber das festas felizes que você foi", "Combinem isso em outra hora".
Se eu não fosse participar, não queria ouvir, não queria ver. Acho que ainda não quero. É, ainda não quero.
E então eu digo:
- Pois é, eu sou chata assim mesmo.

Virei uma pessoa chata. Essa é uma interpretação plausível. E eu ainda jogo a bola pra ela.
Mas talvez eu só tenha me tornado uma pessoa ciumenta. Não que seja pouco, ou menos pior, porque eu abomino o ciúme profundamente. Mas não se trata de ser chata. Eu sinto inveja. Pode ser um pecado, mas eu acredito que a natureza do humano é pecaminosa mesmo.
Não quero sentir ciúmes, não quero sentir inveja. Eu gosto é de ficar feliz pela felicidade alheia. Então bloqueio publicações de amigos. Evito falar com pessoas. Pra não deixar que tais emoções venham a tona.

Claro que tenho muitas provas de que sou realmente chata. E sou do tipo que acredita no que se pode provar.
Então...

                                                                                                                                      BHK2014