quinta-feira, 7 de maio de 2020

Blaming the angel

Your life sucks.
Everything hurts.
You keep on living just because its too troublesome to stop
You just want the time to pass you by until you die

And then you find an angel
and while it stays around you you want to be alive, it makes you feel good, it makes you feel better, it makes everything less painful

While it wants to stay around you everything its fine
you feel the long lost will to keep on living and its great
it wants to be with you and you're both happy with that

Eventually the angel starts showings signs it might want to go away every now and then
and it makes you feel scared that it might go away forever and you will go back to the miserable life you had before

So you tell it that it needs to stay with you, and slowly start making it believe that.
You remember how strong are its wings and you begin setting traps around it
You see the angel need to fly and so you start making its wings heavier

You are just so scared that it'll leave you and you'll be alone with your pain again that you need to make everything to keep it with you

Now the angel its struggling around the chains you set, its screaming and crying and its hurting you
It doesnt like you anymore, it doesnt make you happy anymore, it just makes you feel new different kinds of pain.
But you dont notice that, you're still scared that without the angel your life will be bad like back then, so you fight to keep it around you, you try to trick it to need to come back to you if it leaves.

So you pretend to let it free and it sort of flies around you without actually leaving
You feel like your plan is working, you're glad but still feel the need to punish the angel for its bad behavior, so you start making things that hurt it

Suddenly the angel can't take it anymore, it leaves for good.

You're scared that now things will go back to the way they were before.
But they dont.

Your life indeed sucks. Everything still hurts.
You really dont want to keep on living and stopping doesnt sound that troublesome anymore.
You wonder if you even want time to pass you by.

Its worse.





sábado, 27 de julho de 2019

Só pra não deixar no papo imaginário

Eu sou aquela pessoa meio doida que tem conversas imaginárias no chuveiro, que finge apresentar stand-up enquanto lava louça, que de repente você acha na sala andando pra la e pra cá e falando sozinha como se tivesse gravando pro canal no youtube.

Eu não sou uma pessoa que tem um canal no youtube, eu sou uma pessoa que não tem coragem de gravar a própria voz e a própria cara e ainda postar pros outros verem assim . . . eu fico postando sim stories bestas de instagram, mas no youtube a coisa é mais oficial né... não é? Enfim, queria, não consigo.

Eu não sou uma pessoa gorda. Pesei ontem e deu 63kg e acho que nutricionistas e médicos, senso comum e opinião pública devem ficar pistola comigo se eu disser que sou gorda.
Acontece que eu não me acho magra, eu me acho errada, e eu não to confortável nesse corpo que as pessoas dizem que não é gordo mas minha cabeça diz que é.

Eu tenho noção que não sou plus size, tenho noção de que não sofro gordofobia, não sou idiota, sei a diferença. Eu não tenho medo de sentar numa cadeira de plástico e ela quebrar. Eu não sento no ônibus me abraçando pro meu corpo não incomodar ninguém. Eu sei que tem um monte de situações que eu não passo, e sei que tem um monte de coisa pelas quais as pessoas gordas passam e eu não consigo nem imaginar. Eu entendo, um pouco, eu tenho alguma noção, do meu lugar... Eu acho...

Eu só tenho medo de sentar no colo de uma pessoa e ela me achar pesada. Eu tenho agonia quando o namorado decide me pegar no colo e eu acho que ele vai morrer tentando fazer isso, meu coração dispara, meu cérebro presta atenção na respiração dele e no fôlego e no esforço que ele demostra precisar pra me levantar, me da desespero. Ele diz que tá tudo bem, que eu não sou gorda, que não sou pesada, que não tem dificuldade pra me carregar. Mas minha cabeça me convence de que ele só tá falando essas coisas pra não me magoar.

Eu não fico confortável pelada, eu não fico confortável de biquíni, eu não me sinto bonita com quase nenhuma das roupas que tenho e uso. Eu uso o que me faz sentir o máximo de conforto q eu sou capaz de sentir comigo mesma, e quando tou confortável pra sair na rua eu não tou me sentindo bonita.

Eu ás vezes decido colocar alguma roupa que eu acho que me faz parecer bonita, mesmo que eu não esteja confortável, dependendo do lugar que eu vou vale mais a pena eu me sentir bonita do que me sentir confortável. Todas as vezes que isso ocorre minha cabeça tenta por várias vezes me convencer a desistir porque eu devo estar estranha usando aquilo. Saia. 100% das vezes que eu usei saias, eu me olhei no espelho e falei Quem Raios É Essa Menina Esquisita, e nossa, devia por uma roupa que faz mais sentido pra mim, mas eu também sei que se eu for nesse tipo de lugar  - digamos que seja alguma festa em rep, sei la, que as pessoas costumar ir bonitas - vestindo o que eu visto normalmente, eu vou me sentir um lixo, vou me sentir a pessoa mais feia do role, e vou querer ir embora... o que normalmente é o que acontece.

Eu visto calça jeans e camiseta, visto camisa e moletom, visto tênis. Eu tenho saias, sapatos, chinelos, shorts, uma ou outra blusa que não configura camiseta. Mas eu tenho mais camiseta preta mesmo, porque com camiseta preta não tem como errar. E todo mundo já ta mesmo acostumado a me ver de camiseta preta e calça jeans. Aquele que me vê em qualquer lugar usando camiseta preta com shorts já acha esquisito. Se me vir de saia e blusa então, não vai me ver, vai ver uma estranha e sair andando.

Meus olhos já vão transbordar aqui se eu continuar pensando nisso.... E eu tenho que trabalhar.... Então chega de desabafar pra ninguém hoje.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Abismo de expectativas

Reflexões pós sessão com psicóloga

As coisas levam tempo e esforço.
Eu nao sou um genio.
Eu sou normal e apesar de ter facilidades extraordinarias eu preciso realizar grandes esforços normais pra realizar coisas extraordinarias.

Os problemas da minha mãe e do meu pai são deles e a melhor coisa q eu posso fazer por eles é me ajudar.
Se a culpa é do meu pai ou não não cabe a mim julgar.

Não contar com as pessoas pra me dar a mão e me apoiar.
As pessoas não querem e NEM SABEM COMO me apoiar.
Parar de contar com as pessoas pra me salvarem me apoiarem e me compreenderem.
Os amigos nao tao procurando amizades que precisam se esforçar pra cuidar

Desistir antes de tentar.
Não conseguir fazer coisas basicas porque quer fazer coisas incriveis.

Parar de passar o fds em sp pra fazer nada.
Ficar em barão pra estudar.
Fazer freela. Cuidar de mim pra minha mãe nao ter q cuidar$

domingo, 9 de dezembro de 2018

Я решил сегодня убить себя.

Literalmente.
Logicamente.
Racionalmente.
Não vai ser hoje.
Decidi hoje q vai rolar.

Vou escrever umas coisa e gravar uns video.
Pras pessoas q se importam. Pras que não se importam
Pra minha mãe e pro meu irmão principalmente.
E provavelmente pro meu pai também.

Vo escrever os argumentos dos meus roteiros
Vo registrar.
Contar pra internet quais são pra ver se as pessoas se dignariam a redirecionar os creditos pra mimha familia caso meus filmes sejam produzidos.

Aí vou parar de ser um fardo pra essa família.
Vou ser um impacto pra acordar meu pai pra vida.
Vou ser um ensinamento pra minha mãe.

Vou parar de ser uma decepção pra faculdade.
Vou deixar de ser um mau exemplo de anarquista.
Vou parar de ser uma chatisse pros meus amigos.

Amanhã as 11 da manhã eu vou na psicologa pra contar pra ela da minha decisão e dar uma chance pra ela tentar me convence do contrário.
Mas apesar de tar fazendo isso de desencargo de consciência.
Confesso q to com medo do caos q ela pode mobilizar pra tentar me impedir.

Então sei la.
Vou ver q q eu falo pra ela.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Essa vai ser minha rede antissocial

As vezes eu queria ter uma rede social pra ficar sozinha.

Nao sozinha feito twitter.

Sozinha de verdade.

Só pra falar.

Aí eu lembro dos blog.

De diário.

E agora to escrevendo aqui no cel nas notas.


E tipo mano.

Eu fico muito chateada.

Pq no TT eu me sinto sozinha o tempo todo. Falo varias merdas pesadissimas e ngm liga.

Parece q ninguem ta vendo. Que ce ta falando sozinha e nao tem ninguem.

Aí ce fala UMA coisa brisa torta e vem varias gentes respondendo.

Agora ces reagem.

(Contextualizando, eu mandei um tweet que foi lesbofóbico pq eu julguei uma mina pq ela tinha cara de macho. Ja saquei q foi escroto e vo prestar mais atenção)

Entao quando é politicamente pesado ces se importam.

Mas

Se eu to falando que to sofrendo.

Que quero me matar.

Que não aguento mais.

Fodasse.

Ninguem liga.

Ces pensa "É Eu tambem Sofro."

"Nossa que merda né."

E keep scrolling.


Aí os canal e perfil de gente famosa que bomba são os da galera escrota q fala merda e sai causando

e voces não sabem porquê.


Carinha de pikachu.


Tava falando com uma amiga disso.

Ela ta fazendo um curso de permacultura.

Com uma galera muito firmeza.

E ta amando a sincronia e a conexão da galera.

E fica levantando a questão de pq que com os amigos nao é assim?

Pq que não é assim com a gente que mora junto?

Pq q tem gente que se importa mais ou menos e tem gente que se importa de verdade?


E nao vem de dizer que é culpa da internet.

A internet aproxima as pessoas.

Eu fiquei mt mais proxima de pessoas pq fui apoiar quando elas demonstravam online que precisavam de apoio

Diversas vezes.

Mas eu sou o ponto fora da curva.

Eu e outras poucas migas. Tipo essa da permacultura.

Outliers.

A gente se importa com todo mundo o tempo todo e acha estranho quem se importa só com quem quer e quando quer.

E não é só de achar esquisito

É de achar injusto e insensível.

De achar que a amizade dessa outra pessoa não vale a pena.


Aí eu chego online falo isso.

Que não acho uma única amizade que sinto que vale a pena.

E ninguem fica ofendido.

Ninguem liga se eu acho q a amizade delas vale ou não a pena.

Como pode isso, mano?

Sério.


Como pode?


domingo, 2 de dezembro de 2018

Será que você é deprimida e ansiosa mesmo?



-------Depressão-------
Você não tá deprimida, você tá chateada. Você não tá deprimida, você tá cansada, você não tá sem expectativa de vida, você tá percebendo como o mundo é realmente uma bosta. Só isso.

E tudo bem você estar chateada, cansada, ou realista. É uma merda também. Mas mano, não vem me dizer que você tá deprimida.

Depressão não é uma coisa que você ta um dia.
É uma doença, droga.
A gente TEM depressão. 

A gente acorda em crise, passa o dia todo na merda tentando se fazer SENTIR alguma coisa, QUALQUER COISA. Fica se drogando com distrações, álcool e alucinógenos pra fingir que ta tudo bem.
A gente desiste de qualquer coisa, e não tenta varias coisas porque não vale a pena, porque não faz sentido, porque não tem porquê.
A gente quer se matar, porque não vale a pena ficar vivo, porque dói, porque não tem graça, porque é difícil e nada te convence que vale a pena ficar vivo.
A gente quer se machucar pra lembrar como é sentir algo, nem que seja dor.
A gente ta pouco se fudendo pras coisas que sao importantes, tanto alimentacao, quanto higiena, quanto saude, quanto trabalho, quanto faculdade, quanto contas, quanto relacionamentos.
A gente SABE que é importante, droga.
A gente só não consegue se importar porque foda-se tudo.Porque nada vale a pena, porque ninguém vale a pena, nem você. Porque qualquer esforco é esforco demais. Porque qualquer coisinha é stress demais, trabalho demais, concentracao demais, preocupacao demais. Porque a gente nao tem mais nada. A gente nao tem mais forca, nao tem mais energia, nao tem mais espaco dentro do peito, apesar de tar tudo vazio.
A gente dorme porque nao tem mais o que fazer, não que a gente nao tenho um milhao de tarefas e responsabilidades, mas a gente nao consegue mesmo lidar com nenhuma delas e o tédio é avassalador e nada engole ele.

As vezes voce nao consegue sair da cama, porque voce ta triste. As vezes voce quer ficar sozinha em casa porque voce ta decpcionada com alguem ou com voce mesma. As vezes voce ta cansada porque dormiu mal, nao comeu direito ou estudou ou trabalhou o dia todo.
Mas isso näo quer dizer que você ta deprimida.

Você vê a gente no dia dia fazendo coisas normais, rindo, conversando, estudando, e acha que o que você sente é igual ao que a gente sente.
Porque depressão é isso, né. Um dia ce ta bem, noutro dia ce não ta bem.
Mas não. Não é simples assim.

Quando você vem a primeira vez e fala pra gente que ta deprimida a gente te leva puta a serio. A gente busca te acolher, a gente entende que você deve tar em crise, a gente sabe como é uma merda e a gente quer te ajudar.
Mas aí a gente percebe que você é só mais uma pessoa com problemas.
E que você tá triste e preocupada com eles.
Aí a gente fica na amizade, ali, te apoiando porque todo mundo merece ser apoiado, não só as pessoas que sofrem como a gente sofre.
Mas vamo la.

A gente fica SIM, ofendida, BASTANTE ofendida quando você vira e diz que também ta deprimida que nem você. Que você ta tao estressada com aquela prova que você ta deprimida igual a gente.
E mano. Não.
Só não.
E a gente fica ofendida porque você diminui tudo que a gente ta sentindo, e desmerece o esforço enorme que a gente gasta pra tocar uma vida normal.
Porque você legitima aquele papo de "todo mundo também tem depressão e se vira, e você, por que não consegue?" esse papo que faz a gente preferir morrer mesmo do que tentar continuar sobrevivendo.

Enquanto você não souber o que é preferir MORRER do que lavar uma simples louca, ou levantar pra tomar banho, ou ir pra uma aula.
Eu não to falando de querer morrer quando seu namorado termina com você, ou quanto o banco bloqueia sua grana, ou quando você é demitida ou quando você treta com seus pais.
To falando de querer morrer porque você não aguenta mais QUALQUER COISA, seja o que for. Porque chega. 
Aí você vem me dizer que ta deprimida.
Beleza?
Beleza.


-------Ansiedade -------
Ansiedade não é você se preocupar com as coisas.
Não é você se importar com coisas importantes e se estressar pra fazer certo coisas que são sua responsabilidade.
Não é você ficar com vergonha de falar com a @.
Ansiedade não é você ir pra festinha e não conseguir puxar papo com um estranho.
Não é você não responder as mensagens dos outros porque não sabe o que dizer.
Não é ficar nervosa antes de uma prova ou uma festa ou um evento.

Ansiedade é você sentir que o mundo a sua volta está desabando.
O. Tempo. Todo

É você sentir que não vai dar tempo. Você tem 12 horas pra tomar banho, comer, e sair, mas você fica desesperada porque não vai dar tempo.
É você não conseguir conversar com uma @ ao vivo, e as vezes nem online. (inclusive ficar eternamente solteira por causa disso)
É você não conseguir deixar de responder uma mensagem porque você sabe o desespero que sente quando alguém não te responde.
É você não conseguir lidar com a possibilidade de alguém não gostar de você, porque ela deve ter bons motivos e você deve ser uma pessoa escrota.
É você ficar tão preocupada com as coisas que você sabe considerar rapidinho tudo que pode dar errado e se precaver das situações mais improváveis.
É você raramente esquecer as coisas porque ficou horas pensando em tudo que talvez precise e fez uma lista de tudo pra não esquecer, porque vai que você esquece e se fode.
É você precisar de 3 horas pra ficar pronta (mesmo que consiga ficar pronta em 10 minutos) porque se te fizerem se arrumar em 15 minutos você entra em pânico, e prefere desistir de ir do que surtar.


Então faz o favor de não vir me dizer que você é ansiosa se você consegue fazer todas essas coisas que a gente quase morre e sofre muito pra conseguir.
Ainda mais se você uma das pessoas que coloca a gente em todas essas situações que faz a gente querer pular de uma ponte.
Dá muita agonia e juro por tudo que da vontade de se matar e de preferência levar você junto. Porque vai se foder.



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Ps: Eu não sou psicóloga ou psiquiatra pra diagnosticar ninguém, sou só mais um ser humano doente tentando não sentir muito ódio dos outros, se você se sentiu ofendido, mêu, desculpa, para de ler, deixa um dislike, qualquer coisa, mas me deixa em paz.
Mas se você realmente acha na moral que eu não tou conseguindo enxergar alguma coisa. Pode chamar no inbox e me explicar se tiver paciência. To na vida pra aprender.

Ps2: eu tava enrolando pra falar disso a muito tempo, ai hoje agora q eu to sofrendo com crise o dia todo e procrastinando o trabalho pra entregar amanha eu decidi vir escrever isso.

Ps3: eu quase não consegui escrever todas as coisas que não é. Porque tudo que eu pensava acabava sendo.


 BHK2018

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Os dois lados da Força e como sugiro lidar com eles.

Nesses tempos de crise política está sendo muito crítico discutir certas questões invisibilizadas.

Já sabemos que estabilidade emocional e psicológica é privilégio?
Já sabemos que somos todos um pouco opressores?
Já sabemos que empoderamento é privilégio?

Pra quem não sabe está na hora de ficar claro.

Avisos:
* Polêmicas sobre Lugar de Fala e Hierarquia de Opressão serão atiçadas a seguir. Tais polêmicas me estão incertas, ou seja posso cometer equívocos.
* referências a Star Wars a seguir.

Quando olhamos pra nossa própria pessoa temos diversas variantes de identidade, somos brancos, negros, indígenas, asiáticos, somos héteros, gays, lésbicas, trans, assexuais, somos mulheres, homens. Diversas variantes. Normalmente sabemos nos classificar dentro destas variantes, pode haver dúvidas uma vez que a formação da identidade nunca cessa ao longo da vida. Mas normalmente sabemos em grande parte com quais destas variantes nos identificamos.

Eu, particularmente, sou branca, mulher, bissexual/pansexual/demissexual, cis com tendências a agênero, de classe média.

Acontece que eu não sou só isso. Nenhum de nós é apenas um conjunto de variantes das categorias que a humanidade inventou até agora.

Eu sou feminista com dificuldades de empoderamento do meu corpo, sou depressiva e ansiosa, sou insegura e tenho problemas na família, tenho problemas de relacionamento, tanto sexual quanto de amizade, sou paranoica, pessimista, superprotetora, indecisa, solitária, potencialmente suicida, tenho dificuldades financeiras e desesperos cotidianos comuns.

Também sou anarquista, antifascista, reflexiva, questionadora, criativa, empolgada, conspiratória, espiritual, excessivamente empática, muito relativista e possivelmente alienígena.

Cada um de nós (nós do lado Jedi da Força, porque fascista tem que apanhar ate perder todos os dentes mesmo, então quando eu digo nós é esse nós , que fique claro), todos somos cada qual um conjunto de variantes classificadas e não classificadas. E precisamos entender que pra que consigamos interagir decentemente, é necessário enxergar o outro em sua totalidade, além das variantes comuns categorizadas historicamente, além de gênero, raça, classe, e sexualidade.

Mas como eu posso enxergar o todo de uma pessoa que acabei de conhecer?

Não pode. Não de imediato. Poderá se ambos decidirem se conhecer e desenvolver essa interação. Enquanto essa decisão não for tomada, simplesmente não tem como.
Que fazer então?

Lembre com calma que não é impossível trabalhar com incógnitas. Eu diria que não é nem difícil. Basta sempre partir da premissa que você não sabe nada da pessoa com a qual fala, até que ela vá se apresentando e se identificando.
Algumas variantes categorizadas são mais óbvias, quanto a etnia e gênero talvez, ainda assim, você não tem certeza até que a pessoa de identifique.
Normalmente o que acontece é que a pessoa se apresenta com seu nome, e a partir dele você deduz o gênero, talvez pela manifestação cultural da sua fala você possa identificar mais algumas variáveis. (Ainda sem certeza até que a pessoa de identifique)

Isso tudo acontece automaticamente.Você já faz tudo isso.
Inclusive é dentro desse processo automático que as pessoas reproduzem lgbtfobia, machismo, racismo. E isto é o meu melhor argumento pra nos convencer de que devemos tirar esse processo do modo automático e fazê-lo acontecer de forma consciente.

Parece difícil, mas basta calma e paciência.
Se você não estiver em condições de se manter em calma e sua paciência estiver nos limites, talvez você não deva estar interagindo com estranhos. Neste caso basta que você diga que não esta de bom humor e postergar a interação. Simples assim.

Se até agora estou me fazendo parecer muito simplista é porque o esforço de ser didática está sendo efetivo.
Nada disso é simples. É tudo mais complexo e confuso. Por isso vamos devagar.

Já estamos prontos (quase) pra olhar pro outro. Preparados, alerta, conscientes.
Mas precisamos também olhar pra nós mesmos.
Porque dentro de nossas variantes estão abertas várias margens pra opressão. Identifique seus privilégios, de classe, raca, gênero, sexualidade... É preciso estar mais alerta pra estas variantes, estás na qual você se encaixa no lugar privilegiado.
Afinal se você está do nosso lado da Força você não quer oprimir o amiguinhe, certo?
E você sabe que só porque se encaixa dentro de algumas variáveis oprimidas isso não te impede de ser opressor quanto a outras.

Ok, então. Já estamos preparados pra enxergar nossas posições privilegiadas.
Já estamos preparados pra interagir com um ser outro.
Só que não.
É preciso considerar também as variantes não-classificadas, não é mesmo?
Principalmente se vamos fazer uma interação política, crítica, construtiva, somatória.

As pessoas tem momentos, tem problemas, tem diferentes níveis de empoderamento e diferentes condições de estabilidade emocional e psicológica.
Precisamos lembrar a todo momento que não sabemos nada disso.
E só saberemos se o outro nos contar, e muito provavelmente não contarão.

O que fazer então?
Por segurança, considerar o pior dos casos.

Sempre converse com o outro partindo da premissa de que esta pessoa é sensível às suas palavras. Não só ao que você quer dizer com elas, mas também ao que ela está ouvindo do que você está dizendo.
Qualquer palavra perdida no meio da sua mensagem pode ser um gatilho pra alguma variante da pessoa que é o outro.
Por isso é importante ouvir o que se está dizendo. Prestar atencão.
Uma crítica construtiva da sua parte pode ser recebida como gatilho pra surtos e um possível suicídio de uma pessoa instável.

Isso não quer dizer que você não deve falar nada nunca, nunca criticar. Nunca questionar, nunca relaxar pra conversar com as pessoas porque pode gatilhar o outro. Quer dizer apenas que precisamos de cuidado.

E se faz necessário reiterar esse cuidado porque não estamos acostumados a ter esse cuidado.
E agora. Nesta época crítica da situação sociopolítica brasileira. Todos estamos meio em crise. Todos estamos instáveis, sensíveis, ariscos. É natural que estejamos. Então se faz mais urgente que prestemos atenção nesses fatores.

E antes que me ouçam como a hippie pacifista, repito, a comunicação não-violenta aqui se direciona ao nosso lado da Força.
Fascista se trata com violência sim, até ficar com medo dos Jedi, fascista tem que ser exposto, humilhado, apanhar, até querer se esconder.

Assim, tão importante quanto tudo que já foi dito, é necessário ver as pessoas com clareza.
Não é difícil enxergar quem é gente como a gente e quem tá do lado errado da Força.
Mas se você não tiver com os olhos abertos, você vai tratar um parceiro Jedi com a violência que um fascista merece.

Portanto devemos sair pra interagir com calma e olhos abertos.
Paciência e atenção.
No modo alerta, e automático desligado.

Quando estivermos vulneráveis, cansados, ariscos, sensíveis, se pudermos escolher (o que normalmente o capitalismo não permite) é ideal que fiquemos dentre amigos, em ambientes confortáveis, até que estejamos mais fortes.

Interação exige energia, concentração.
Recarregue-se.


Bhk2018